quarta-feira, 13 de abril de 2011

Menáge à Trois


Ela o amava tanto, que não havia coisa que ele pedisse que ela prontamente não fizesse.

Mas foi apenas no aniversário de três anos de casamento, que ela resolveu surpreendê-lo de maneira que nem ele esperava, e, mesmo morrendo de vergonha, foi até uma das poucas zonas de alto padrão que havia na cidade e escolheu cuidadosamente aquela que realizaria o sonho do marido, de participar de uma ménage a trois.

Era linda, a menina. Mesmo que ela soubesse que era também uma mulher de tirar o sono da maior parte dos homens saudáveis, a menina escolhida era inegavelmente deslumbrante. Rosto e corpo irretocáveis, e o marido teria enfim a sua noite ao lado de duas mulheres lindas e gostosas. Veria sua mulher beijando outra, como sempre sonhara em ver. E saberia que as duas estariam se beijando apenas para que seus sonhos mais íntimos se realizassem.

Presenciaria os lábios da menina linda de rosto e corpo irretocáveis percorrendo cada curva da sua mulher também perfeita.

Escolheu a menina do jeito que sabia que o marido gostava, mas morria de medo de ter feito a escolha tão bem, a ponto de ele não querer mais saber dela e passar o resto dos seus dias sonhando com a escolhida, querendo repetir indefinidamente a experiência.

Mas o amava tanto, que fazia questão de ser ela a mulher que realizaria cada um dos sonhos do marido, mesmo aqueles considerados indecentes pela maior parte das pessoas.

Na noite do aniversário de casamento, ela vendou-o, e depois de acender as velas que iluminariam restritivamente o quarto do casal, disse que poderia destapar os olhos. Neste momento, ele as viu. Ambas de lingeries, a esposa com um espartilho preto, ela, a menina perfeita, de espartilho vermelho, e elas se beijavam lentamente, ele via suas línguas se procurando com calma, com delicadeza, com uma feminilidade que o fez enlouquecer. E não fez nada, apenas ficou olhando. Vez ou outra, cada vez que a mão de uma percorria o corpo da outra, deixando-o ainda mais excitado, pensava em ir de encontro a elas. Mas era tão linda a cena, que preferiu ficar olhando.

Passada mais de meia hora, quando ambas já haviam se despido reciprocamente e destinavam seus beijos não apenas aos lábios uma da outra, mas a cada centímetro dos seus corpos lindos, ele foi até elas. E, neste momento, a noite se tornou sem sombra de dúvidas na mais prazerosa da sua vida. Duas mulheres perfeitas dedicadas exclusivamente aos seus caprichos, em fazer tudo o que ele ordenasse, e ele adorava dar ordens.

Dormiu banhado numa saciedade indescritível, exaurido de tanto deleite.

No dia seguinte ela, a esposa, foi embora para nunca mais voltar.

Quando começou a ler a carta de despedida, imaginou que ela havia pensado que ele deveria ter gostado mais da menina de rosto e corpo irretocáveis do que dela, o que não era verdade, pois para ele o melhor da noite foi saber que sua amada esposa havia se dedicado tanto e com tanto esmero em realizar suas mais reservadas fantasias. Sua vida não fazia o menor sentido sem a companhia da esposa. Mesmo que jamais viesse a encontrar a menina do rosto e corpo irretocáveis, desde que tivesse a esposa ao seu lado, só ela, seria eternamente um homem plenamente realizado.

Entretanto, no avançar das linhas da carta de despedida, a esposa lhe dizia que o estava abandonando por ter descoberto ao lado da menina prazeres e sensações que ele jamais lhe proporcionara.

Seria eternamente grata a ele, pois, não fossem as suas fantasias, jamais teria descoberto tantas sensações intensas como descobrira na noite anterior.

O abandonava para ficar ao lado dela. Depois da noite passada, nem ele, nem homem qualquer do mundo seria capaz de satisfazê-la tão plenamente. Por mais agradecida que estivesse, não conseguiria nunca mais conduzir sua vida de modo diferente. E partiu. Partiu com ela, a menina do rosto e corpo irretocáveis.

E elas foram felizes para sempre.

Ele não.

2 comentários:

Letícia Palmeira disse...

História muito louca. E compreensível.

Nayana. disse...

previsível.